Como resolver a gula pelo chocolate?
Atualmente existem variadíssimos chocolates disponíveis no mercado (preto, de leite, branco, com fruta, licor, caramelo, bolacha, frutos secos, etc.) todos diferentes a nível nutricional.
Mas afinal, será que podemos comer algum destes chocolates sem culpa?
A principal diferença entre os três principais tipos de chocolate (preto, branco e de leite) vem da concentração de cacau: o preto é que o tem mais concentração, depois vem o chocolate de leite e o branco não entra sequer na equação, pois não contém cacau na sua constituição.
Contudo, apesar de não existir uma grande discrepância entre eles no que diz respeito ao valor energético (quando comparado por igual dose de consumo), o mesmo não se poderá dizer relativamente à lista de ingredientes e ao teor de macronutrientes que cada um apresenta.
Por que motivo é o chocolate preto considerado o melhor para a saúde?
O chocolate preto é constituído por pasta de cacau, açúcar e manteiga de cacau e segundo a legislação, é considerado chocolate preto quando apresenta mais de 55% de cacau.
Contudo há diferenças, ou seja, se o chocolate tiver 55% de cacau o principal constituinte será o açúcar, ao invés de, se nos aproximarmos dos 80 a 85% o principal constituinte já será a pasta de cacau que trará mais benefícios nutricionais, nomeadamente na presença de flavonóides que têm um efeito antioxidante e de proteção celular, podendo desempenhar um papel relevante na diminuição de processos inflamatórios e do risco de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e cancerígenas. Outro composto existente são as metilxantinas, nomeadamente a cafeína e a teobromina que têm um efeito estimulante podendo contribuir para níveis superiores de concentração. O cacau é ainda fonte de triptofano, um aminoácido precursor de serotonina que, por sua vez, constitui um neurotransmissor importante na regulação do humor e bem-estar.
Como analisar o rótulo de cada chocolate?
No rótulo nutricional devemos avaliar a quantidade de hidratos de carbono, ou seja, por 100g deve possuir menos de 20g na linha “dos quais açúcares”, sendo mais comum encontrar nos chocolates que têm mais de 80% de cacau.
Que quantidade de chocolate poderemos ingerir?
Apesar do chocolate poder ser um alimento fornecedor de componentes protetores para a saúde, este não deverá ser um motivo para o seu consumo sem conta peso e medida, já que fornece simultaneamente uma quantidade razoável de açúcar, gordura e, consequentemente, de calorias, ou seja, 1 quadrado de chocolate preto com mais 80% cacau ronda as 50 kcal.
Desta forma, a recomendação máxima é de 30g/dia, sendo que em regra a tablete de chocolate varia entre os 100 a 150g de peso total, ou seja, cada quadrado de chocolate preto rondará os 10-15g.
Contudo, o consumo de chocolate pode ser contraindicado em pessoas com enxaquecas porque a teobromina estimula o aparecimento desses episódios.
Como resolver a gula por chocolate?
- Gradualmente, deverá fazer a transição para o chocolate preto;
- Optar pelo chocolate sem adição de edulcorantes (adoçantes), salvo raras exceções (diabéticos);
- Poderá ser um acompanhamento ao café, pois é uma forma de reduzir/retirar o açúcar (se for o caso), como sobremesa do almoço/jantar pois já está mais saciado ou caso lhe apeteça numa das refeições intermédias, deverá combinar com outro alimento fonte de gordura (frutos secos) ou de fibras (fruta), de forma a reduzir o índice glicémico;
- Deve comprar à medida que for consumindo, em vez de comprar em grande quantidade;
- Pode optar por cacau cru, pois não tem adição de açúcares e é baixo em calorias, para as sobremesas, batidos, papas, etc.
Com isto, não se pretende desencorajar o consumo de chocolate, mas sim apelar ao seu consumo consciente, até porque enquadrado num estilo de vida ativo e saudável e no âmbito de uma alimentação completa, variada e equilibrada, nenhum alimento deve ser visto como proibido.
Mariana Mera Félix (2626N)
Nutricionista Solinca Classic