Dieta Low Carb
Uma dieta Low Carb (LC) consiste na restrição em hidratos de carbono (HC), como os que se encontram nos cereais, tubérculos, fruta e nos produtos açucarados. Em alternativa, são dietas ricas em proteína e gorduras.
Existem vários tipos de dieta Low Carb, consoante o grau de restrição e o tipo de hidratos de carbono permitidos. Não existem até à data valores específicos e estabelecidos da quantidade e qualidade dos HC que devem fazer parte de uma dieta LC. De acordo com a OMS/ FAO, as recomendações dietéticas de hidratos de carbono situam-se entre os 55-75% do valor energético total diário (VET), tendo uma dieta moderada em HC um valor de 45%-50% do VET. Abaixo dos 45% pode considerar-se uma dieta Low Carb. Dietas com reduções mais acentuadas em HC (Very Low Carb Diet – VLCD) por norma são dietas Cetogénicas, com valores de HC abaixo das 50g e por vezes entre as 20-30g de HC.
Este tipo de dieta é utilizado como estratégia para perda de peso, podendo em algumas situações ser utilizado pelas suas vantagens clínicas, como no caso da Diabetes tipo II (insulinorresistência) ou em Síndromes Metabólicas, pela redução dos níveis de triglicerídeos e aumento do colesterol “bom” (HDL).
Os benefícios associados à dieta Low Carb assentam no princípio de que um consumo menor de HC gera menos libertação de insulina e consequentemente, o organismo terá de obter energia através das reservas de gordura conduzindo ao emagrecimento. De facto, as dietas Low Carb (< 100g HC) e especialmente as ‘Very Low Carb’ (< 50g HC) conduzem a uma maior de perda de peso a curto prazo, no entanto, a médio e longo prazo (12-24 meses) não apresentam vantagens em relação a outras dietas. Alguns estudos apontam para a vantagem desta dieta se dever ao aumento do consumo de proteína e não propriamente à redução de HC, quando comparado com dietas moderadas em proteína. A maioria das pessoas consegue perder peso se reduzir a ingestão calórica e aumentar os níveis de atividade física, assegurando assim um défice calórico. Pois mesmo numa dieta Low Carb o défice calórico deve estar presente se o objetivo for perda de peso. Com o aumento de alimentos ricos em gordura e proteína, se a dieta Low Carb não for devidamente programada e aconselhada, pode tornar-se pobre nutricionalmente, pela ausência de fibra, vitaminas e minerais, e pelo aumento do consumo de gorduras saturadas (carne, produtos lácteos ricos em gordura…).
Segundo o estudo observacional de 2018 “Dietary carbohydrate intake and mortality: a prospective cohort study and meta-analysis” (Seidelmann et al), referente à associação entre o consumo de hidratos de carbono e o risco de mortalidade, um consumo de hidratos de carbono entre os 50-55% do VET está associado a um baixo risco de mortalidade, não existindo benefícios em dietas com valores de HC inferiores a 30% ou superiores a 60%. Quando a dieta substitui os HC por proteínas e gorduras de origem animal houve associação com um maior risco de mortalidade. Por outro lado, quando os HC são substituídos por vegetais e proteínas de origem vegetal o risco de mortalidade é menor.
Em conclusão, para a generalidade das pessoas uma dieta com um consumo moderado em hidratos de carbono (50-55% VET), como já era recomendado, parece ser uma opção segura. Podendo em algumas situações e/ou durante um determinado espaço de tempo, uma dieta Low Carb ser vantajosa e trazer benefícios. Deve, no entanto, ser sempre prescrita pelo Nutricionista, de forma a assegurar todas as necessidades dietéticas, e não correndo o risco de gerar défices nutricionais.
Sílvia Oliveira (C.P. 2164N)
Nutricionista Solinca Light