Envelhecimento Ativo
Sabemos que a esperança média de vida está a aumentar e, neste contexto, compreendemos que a população cada vez irá viver mais anos. De acordo com dados demográficos, em 2050 prevê-se que 1 em cada 2 português terá 55 anos ou mais.
Neste sentido, se lhe pedir hoje para fechar os olhos e imaginar como será a sua festa de anos quando fizer 85 anos, será que me responde que estará numa cama de hospital? Será que se imagina cheio de doenças? Será que se imagina sem autonomia e dependente de enfermeiros ou dos seus familiares?
Certamente, preferia comemorar numa festa em família, conseguir abraçar todos, conversar e rir pelo dia fora e ter força e autonomia para soprar as velas e oferecer uma fatia de bolo a cada pessoa que lhe é tão especial.
Na verdade, podemos vir a comemorar desta forma, mas para isso, precisamos de cuidar mais de nós. De priorizar o nosso tempo para cuidar agora da nossa saúde pois caso contrário, iremos precisar desse tempo mais à frente para tratar da nossa doença.
Sabemos que o envelhecimento é um processo que tem implicações diretas na vida da pessoa em questão, mas também na sociedade e, é influenciado por fatores genéticos, estilo de vida e estado psicoemocional.
Sabe-se também que o processo de envelhecimento é caracterizado por alterações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que levam a uma diminuição gradual da aptidão física do indivíduo e da capacidade de adaptação ao meio ambiente.
Já por envelhecimento ativo e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o processo de otimização de oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem.
Neste sentido, compreendemos que a prática de exercício físico se assume com uma das estratégias que devemos aplicar e adotar para previr a perda da aptidão física associada à saúde e funcionalidade, tal como, perda de força e resistência muscular, diminuição da densidade mineral óssea, aumento da gordura corporal, redução do débito cardíaco, diminuição da função vital dos pulmões, elevação da pressão arterial, perda de flexibilidade, mobilidade, equilíbrio, coordenação e destreza. Todas estas alterações, que estão mais relacionadas com o estilo de vida, levam a desequilíbrios no organismo, deixando o idoso mais frágil, podendo diminuir a sua expectativa de vida.
Pessoas idosas que não praticam exercício físico estão mais vulneráveis aos acidentes do dia-a-dia, isto porque não tem equilíbrio necessário, nem força e sua resistência não permite que se execute qualquer movimento acima da sua condição, aumentando assim o risco de uma queda, por exemplo, ao tomar banho ou ao caminhar em algum piso mais instável. Sabemos ainda, que com o passar dos anos, estas pessoas tendem a ficar cada mais sedentárias, vão tendo menos disposição para se movimentar e praticar qualquer atividade ou mesmo para sair de casa, o que agrava ainda mais a situação.
Neste sentido, é fundamental começar a agir o mais cedo possível, para evitar um tão acentuado e precoce processo de envelhecimento. Temos excelentes exemplos disso, internacionais e nacionais, que nos provam que podemos contrariar a nossa idade cronológica, como é caso do ator Arnold Schwarzenegger, que aos 74 anos de idade continua a demonstrar vigor e boa aptidão física e do Professor catedrático da Universidade do Porto, o Doutor José Augusto dos Santos, que aos 69 anos de idade conquistou a medalha de ouro da taça do mundo de maratona em canoagem, referindo o próprio “que o desporto para mim é uma forma de vida”.
O exercício físico assume um aspeto fundamental na promoção da saúde de pessoas idosas e na prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento, pelos benefícios agudos e crónicos da sua prática, que podem ser tanto de ordem física, como social e psicológica. A prática de uma rotina de exercícios nos idosos traduz em resultados quase imediatos, pois estes são visíveis a curto prazo, nomeadamente ao nível do equilíbrio e coordenação, competências essenciais na diminuição do risco de quedas e fraturas. Além das adaptações crónicas que irão refletir-se ou ter interferência ao nível de doenças como hipertensão arterial, osteoporose, artrite e depressão, a prática de exercício físico também irá diminuir os níveis de triglicerídeos, aumentar a sensibilidade à insulina, diminuir a perda mineral óssea, aumentar a força e massa muscular.
De acordo com Velascos (2006), se realizar exercícios físicos diários, aeróbios, de impacto, com cargas externas e resistência, em intensidade moderada, estará a garantir a independência do idoso. Os exercícios de força e resistência muscular irão ajudar na manutenção da massa muscular e da densidade mineral óssea, e os exercícios aeróbios (cardiovasculares) irão ajudar na perda da gordura corporal e melhorar a capacidade cardiorrespiratória. A prática de exercício físico também assume um importante papel na vida social do idoso, fazendo com o mesmo se mantenha comprometido, integrado, motivado e ativo… conseguindo realizar as tarefas da vida diária sem dificuldade, com maior mobilidade e sem excessiva fadiga, permitindo manter reservas de energia para desfrutar do seu tempo livre, melhorando a sua qualidade de vida.
Por conseguinte, volto a perguntar, sabendo que a prática de exercício físico regular lhe vai ajudar a preservar a sua funcionalidade e autonomia ao longo dos anos, permitindo comemorar os seus futuros aniversários como deseja, vai continuar a adiar começar a fazer exercício físico e negligenciar os benefícios de um estilo de vida ativo?