Novembro Azul – Exercício clínico após a conclusão dos tratamentos primários
Com o aumento de sobreviventes oncológicos, devido à melhoria dos respetivos tratamentos e diagnostico, existe um novo desafio para os técnicos de exercício físico de conseguirem criar e adaptar o exercício físico ajustado às necessidades e especificidades de cada sobrevivente oncológico. No entanto, antes de conseguirmos criar uma programação adaptada e personalizada, precisamos de perceber quais é que são as principais dificuldades do sobrevivente oncológico. De acordo com Schmitz et all, (2010), destaca-se a persistência dos efeitos secundários, alguma possível função física comprometida e a diminuição da qualidade de vida, bem como, da capacidade funcional. Assim, antes de começar a treinar é necessário perceber quais os tratamentos e respetivos efeitos secundários, uma vez, que alguns se prolongam após o termino do tratamento. Vários estudos reportam que, após os tratamentos encontramos um declínio da função física, nomeadamente ao nível da capacidade máxima de captação do oxigénio (Vo2Máx), devendo ser avaliada por um teste de Vo2Máx. De acordo Sweegers et al. (2019) o exercício aeróbio de intensidade moderada parece ser eficaz em melhorar o Vo2Máx., podendo ser um complemento ao seu treino. Embora existam prescrições diferentes para diferentes efeitos secundários, a melhor prescrição para a saúde, de acordo com as linhas orientadoras da American College of sports medicine (ACSM, 2019), consiste em: 30minutos de exercício físico aeróbio de intensidade moderada, 3 ou mais vezes por semana; Pelo menos dois treinos de força compostos por 2 series de 8-15 repetições a 60% de 1 repitação máxima (RM). Efeitos secundários dos tratamentos primários diminuem a qualidade de vida dos sobreviventes de cancro. O efeito que a cirurgia tem na imagem corporal dos pacientes e outros efeitos secundários dos tratamentos primários como a fadiga e a dor afetam negativamente a qualidade de vida (Montazeri, A. 2008). Neste caso a ACSM (2019) sugere combinar exercício aeróbio com exercício de força 2 a 3 vezes por semana durante pelo menos 12 semanas. Os benefícios de o treino combinado parecer ser maiores do que se isolarmos um tipo de treino. De qualquer forma, os treinos devem ser sempre supervisionados tanto quanto possível (Buffart, et all, 2017), por isso, procure sempre um profissional de saúde que lhe irá recomendar e indicar qual a melhor opção para si relativa à prática de exercício físico e ainda, conte com a ajuda dos nossos profissionais habilitados e qualificados na área do exercício físico e reabilitação do sobreviventes oncológicos. De acordo com a Physical Activity Guidelines Advisory Committee (PAGAC, 2018), existem fortes evidencias que a atividade diminui o risco de 7 tipos de cancro (colon, mama, rim, endométrio, bexiga e estomago). Aliás um estilo de vida sedentário parece aumentar em 30% o risco de ter cancro, bem como, a atividade física diminui o risco recorrência de doença até 35% e atenua o risco de mortalidade pela doença em ate 37% (Friedenreich et all, 2016). Por isso, mantenha-se activo, mantenha-se saudável! Bibliografia Schmitz, K. H., Courneya, K. S., Matthews, C., Demark-Wahnefried, W., Galvão, D. A., Pinto, B. M., … & Schneider, C. M. (2010). American College of Sports Medicine roundtable on exercise guidelines for cancer survivors. Medicine & Science in Sports & Exercise, 42(7), 1409-1426. Peel, A. B., Thomas, S. M., Dittus, K., Jones, L. W., & Lakoski, S. G. (2014). Cardiorespiratory fitness in breast cancer patients: a call for normative values. Journal of the American Heart Association, 3(1), e000432. Jones, L. W., Courneya, K. S., Mackey, J. R., Muss, H. B., Pituskin, E. N., Scott, J. M., … & Herndon, J. E. (2012). Cardiopulmonary function and age-related decline across the breast cancer survivorship continuum. Journal of clinical oncology, 30(20), 2530. Sweegers, M. G., Altenburg, T. M., Brug, J., May, A. M., Van Vulpen, J. K., Aaronson, N. K., … & Galvao, D. A. (2019). Effects and moderators of exercise on muscle strength, muscle function and aerobic fitness in patients with cancer: a meta-analysis of individual patient data. British journal of sports medicine, 53(13), 812-812. Mugele, H., Freitag, N., Wilhelmi, J., Yang, Y., Cheng, S., Bloch, W., & Schumann, M. (2019). High-intensity interval training in the therapy and aftercare of cancer patients: a systematic review with meta-analysis. Journal of Cancer Survivorship, 13(2), 205-223. Campbell, K. L., Winters-Stone, K. M., Wiskemann, J., May, A. M., Schwartz, A. L., Courneya, K. S., … & Morris, G. S. (2019). Exercise guidelines for cancer survivors: consensus statement from international multidisciplinary roundtable. Medicine & Science in Sports & Exercise, 51(11), 2375-2390. Montazeri, A. (2008). Health-related quality of life in breast cancer patients: a bibliographic review of the literature from 1974 to 2007. Journal of experimental & clinical cancer research, 27(1), 32. Buffart, L. M., Kalter, J., Sweegers, M. G., Courneya, K. S., Newton, R. U., Aaronson, N. K., … & Steindorf, K. (2017). Effects and moderators of exercise on quality of life and physical function in patients with cancer: an individual patient data meta-analysis of 34 RCTs. Cancer treatment reviews, 52, 91-104. 2018 Physical Activity Guidelines Advisory Committee. Physical Activity Guidelines Advisory Committee Scientific Report. In: Services DoHa. Washington, D.C.; 2018. Friedenreich, C. M., Neilson, H. K., Farris, M. S., & Courneya, K. S. (2016). Physical activity and cancer outcomes: a precision medicine approach. Clinical Cancer Research, 22(19), 4766-4775.