Gestante Vegetariana e Vegana – nutrientes
As proteínas são as moléculas orgânicas mais abundantes nas células e correspondem a cerca de 50% ou mais do seu peso seco. São encontradas em todas as células, tendo funções fundamentais na lógica celular. As proteínas desenham inúmeras funções distintas, tais como: enzimática, hormonal, transporte, anticorpos e recetores de muitas células. Na gestação as proteínas exercem um papel fundamental na construção e crescimento da parede do útero, placenta, dos seios e o desenvolvimento dos tecidos no bebé. Durante a gravidez existe uma maior necessidade proteica, tornando-se fundamental a sua oferta adequada através da alimentação, uma vez que esta necessidade proteica é determinada pela quantidade mínima de proteína dietética, suficiente para suprimir a sua síntese e impedir que haja perdas proteicas corporais. O volume plasmático aumenta progressivamente a partir da sexta semana de gestação, aumentando cerca de 50% durante todo o período gestacional. Expande-se mais rapidamente durante o segundo trimestre, alcançando o pico na 24ª semana. A massa eritrocitária também aumenta consideravelmente, embora em proporções menores (torno de 30%) e um pouco mais tarde (a partir da 16ª a 20ª semana) que o volume plasmático, originando uma hemodiluição, ou seja, uma adaptação do organismo às necessidades do transporte de oxigénio para o feto, uma vez que a diminuição do hematócrito reduziria a viscosidade sanguínea e consequentemente a resistência vascular periférica. Como na gestação a expansão do volume plasmático é maior do que a expansão da massa eritrocitária, provocado pelo aumento da eritropoiese (produção e maturação das hemácias – glóbulos vermelhos – na medula óssea), as concentrações da hemoglobina e hematócrito diminuem com a consequente diminuição da viscosidade sanguínea. Esta hemodiluição leva a uma “anemia fisiológica”, tornando o consumo de ferro ainda mais importante. Existe um aumento da retenção proteica com o acúmulo de até 1.000g de proteína até ao final da gestação. Entretanto, este aumento não se traduz num aumento de concentração sérica de aminoácidos, devido à hemodiluição fisiológica. Em relação às proteínas plasmáticas, observa-se um aumento da albumina total e redução da sua fração plasmática. Os níveis circulantes de gamaglobulina também estão aumentados, mas numa pequena proporção, o que aumenta a relação albumina-globulinas. Outras proteínas, como o fibrinogénio (glicoproteína responsável pela coagulação do sangue) e alfa e beta globulinas, também apresentam níveis aumentados. Por esse motivo, o consumo proteico é importante para evitar até a ocorrência de edemas durante a gestação. Para as gestantes vegetarianas a e veganas, o consumo proteico advém principalmente de fontes como as leguminosas e os cereais. Também é possível encontrar nas sementes, como as sésamo, abóbora e linhaça. Contudo, durante o processo gestacional, assim como na pre-conceção, é imprescindível o acompanhamento nutricional, uma vez que a gestante necessita de consumir muitos nutrientes em quantidades acima do recomendado para um individuo normal. Dietas baseadas em vegetais fornecem quantidades adequadas de hidratos de carbono para suprimir o gasto calórico e manter a glicemia e as reservas de glicogénio muscular. Os hidratos de carbono participam no transporte dos nutrientes pela placenta através da difusão facilitada – transporte do meio mais concentrado do sangue para o menos concentrado-. A recomendação dos hidratos de carbono para as gestantes, bebés ou crianças vegetarianas/veganas seguem a mesma diretriz dos não vegetarianos. Portanto, as recomendações de hidratos de carbono são as mesmas para os pacientes vegetarianos ou não vegetarianos, em todas as fases da vida. A ingestão de gordura é essencial, e o ómega 6 é necessário para a construção da membrana celular. Porém, a ingestão elevada pode estar relacionada ao maior risco de doenças cardiovascular, diabetes, cancro, doenças inflamatórias e imunológicas. No entanto, não há estudos que demostram um aumento maior dessas doenças nos vegetarianos. Os efeitos não desejáveis do ómega-6 podem ser revertidos pelo consumo adequado de ómega 3. Assim como o cálcio, que é indispensável durante toda a gestação, porém, como no fim o bebé necessita de mais nutrientes, é necessária uma precaução contra a deficiência deste nutriente. Serviço de Nutrição Solinca