A Avaliação física e a criação da rotina de treino
Todos reconhecemos que a prática de atividade física e de exercício físico regular está associada à melhor qualidade de vida, a menor índice de mortalidade e morbilidade. E, pelo contrário, de acordo com a ACSM (2014), a inatividade física está associada ao maior índice e risco de mortalidade precoce, bem como, ao aparecimento de várias doenças crónicas não transmissíveis como a diabetes, hipertensão, colesterol, obesidade, diversos tipos de cancro, AVC, doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade, entre outras. Por atividade física (AF) compreendemos todas as atividades físicas que promovem um aumento do dispêndio energético acima dos valores de repouso como subir escadas, limpar a casa, passear o animal de estimação, brincar com os filhos ou netos…e por exercício físico (EF) compreendemos todas as atividades físicas realizadas de forma estruturada, com um planeamento e com vista ao alcance de um objetivo que promovam a melhoria da sua aptidão física, como correr 5km para melhorar a aptidão cardiovascular, fazer aulas de Pilates para fortalecer o soalho pélvico e os músculos posturais, realizar exercícios nas máquinas de resistência muscular num ginásio para melhorar a sua força máxima… É importante que compreenda o quanto benéfico é ser fisicamente ativo (incluindo ao longo do seu dia diferentes momentos de AF), e praticar EF de forma regular e na dose adequada para si. Por dose compreendemos o volume de EF e de AF, que realiza por dia e ao longo da sua semana. De acordo com a DGS e OMS, a dose recomendada, para adultos e idosos é realizar 150 minutos de AF a uma intensidade moderada, e complementar com 2 vezes por semana de exercícios de força e equilíbrio para ter benefícios adicionais para a sua saúde. Sabendo que cada indivíduo é único, que tem as suas especificidades, necessidades, objetivos, estilos de vida e condições de saúde e performance desportiva diferenciada…. Devemos idealmente realizar uma prescrição de EF individualizada, isto é, a mais adequada às particularidades de cada um. E neste sentido, é fundamental procurar um profissional da área do exercício físico que o possa ajudar, ensinar e orientar na melhor prática de atividade física e exercício físico para si. A avaliação física inicial (AFI), é o primeiro ponto de partida e fundamental para que exista uma correta abordagem, por parte dos Profissionais da área do Exercício Físico (PE) aos seus clientes/alunos/utentes. “Quem não avalia está a adivinhar!” (Ruivo, 2015). É assim importante tornar a avaliação física num momento para conhecer melhor os reais motivos que levam a pessoa a praticar exercício, sendo que o fator motivacional deverá ser um dos fatores fundamentais na manutenção dessa prática. É nesta primeira abordagem que se deve estabelecer os primeiros objetivos, e traçar “metas” para que esses objetivos sejam medidos com periodicidade, mantendo assim um acompanhamento da prática de exercício físico e gerindo os níveis motivacionais das pessoas. “A arte da prescrição está alicerçada na simbiose entre os conhecimentos técnicos adequados e a capacidade de promover modificações comportamentais benéficas. Para prescrever exercício físico os PE deverão manipular as variáveis da frequência, intensidade, tempo e tipo (FITT Factors) quer seja no treino cardiovascular, no treino de força ou flexibilidade” (RUIVO,2015). Estas variáveis, complementadas pela componente da diversão – “enjoyment” – originam o que o National Academy of Sports Medicine (2005) designa de FIITTE Factors. Nos dias de hoje, existem três perguntas que se tornam imperativas realizar num AFI: “quantas vezes pensa vir treinar?”: frequência – conseguiremos com esta questão perceber o número de sessões que a pessoa poderá realizar. “Quanto tempo tem disponível para o seu treino?”: tempo – dentro da sua rotina, quanto tempo é possível a pessoa dispensar para a prática de exercício físico. “Que exercícios gosta mais de fazer?”: tipo e enjoyment – por último, e talvez a mais importante, perceber o que a pessoa gosta, para que desta forma possamos adaptar o treino áquilo que esta terá mais prazer em realizar. São nestes dois fatores que devemos estar focados. Torna-se imperativo hoje em dia que a vertente comportamental e motivacional seja trabalhada, para que as pessoas possam, de forma gradual ir criando o hábito do exercício físico nas suas rotinas de diárias. Tal como todos os dias acordamos, tomamos o pequeno-almoço, escovámos os dentes, etc…a prática de EF deve estar incluída nestas rotinas. Temos que escutar as pessoas e perceber de que forma podemos facilitar e ajudar a incluir este hábito, nas suas agendas semanais. De realçar que os PE devem aliar a “toda a sua componente técnica, a componente de boa comunicação, Skills práticos e capacidade de motivar” (RUIVO,2015). Só assim, as AFI farão ainda mais sentido no processo de inclusão das pessoas, principalmente as sedentárias ou as que frequentam os ginásios e Health Clubs pela primeira vez. Sabemos que precisamos de aumentar o número da população ativa em Portugal, e os PE podem e devem ser facilitadores nesse processo, ajustando assim a prática de exercício de acordo com o que será exequível por parte das pessoas. Só assim, conseguiremos ser agentes ativos na mudança de paradigma da população portuguesa, contribuindo para que este se torne mais ativa e por muito mais tempo. Agende já a sua avaliação física inicial e conte connosco para o ajudar a conseguir ter um estilo de vida mais ativo e mais saudável. O seu corpo e a sua mente irão agradecer-lhe! Bons treinos!