Os erros mais comuns dos corredores
É notório, ainda mais nos dias de hoje, que a prática de exercício físico passou a fazer parte do quotidiano de uma grande parte da população. Alguns iniciaram esta prática para ocupar os seus tempos livres, outros tentam, de várias formas, manter a sua prática regular. Atualmente, fazemos exercício por variadíssimas razões: para perder peso ou ganhar peso, para melhorarmos a aparência, como coadjuvante terapêutico, para relaxarmos da azáfama do dia a dia ou apenas por prazer e fruição (José Soares; Running – muito mais do que correr, 2015). Devido a tudo isto, a corrida começou a fazer parte da vida de milhares de portugueses. Muitos iniciam esta prática motivados pela adoção de um estilo de vida mais saudável, por acharem que é de ‘’fácil execução’’, baixo custo e neste momento específico da história, é dos poucos exercícios possíveis de fazer ao ar livre no estado atual do país. Todavia, raramente alguém pondera as condicionantes de iniciar esta prática. A maioria das pessoas começa a correr antes de efetuar uma avaliação específica por parte de um profissional que o aconselhe. Um aquecimento adequado antes da corrida ou até alguns exercícios antes de iniciar esta prática tornam-se essenciais. Graças a isso, tem-se observado um aumento significativo de lesões em corredores, assim como, no número de estudos que se preocupam com a prevalência destas. Frequentemente, a forma errada de iniciar esta prática, leva ao abandono precoce de hábitos de vida saudável. Entender os fatores associados à maior prevalência de lesões em corredores é importantíssimo para que possíveis medidas preventivas possam ser realizadas antes de iniciar esta prática. De uma forma geral, as lesões dividem-se em dois grandes tipos: traumáticas e de sobreuso ou de stress (1). Na corrida, especificamente, as lesões mais frequentes são induzidas por uso excessivo ou stress, como por exemplo: Joelho do corredor ou síndrome patelofemoral; Tendinite do Aquiles; Inflamação ou rutura dos Isquiotibiais (IT); Fasceíte Plantar; Síndrome da banda iliotibial; Shinsplints/ periostite; Fraturas de stress; Percebemos, deste modo, que a corrida será muito mais do que dar umas simples passadas. Mas para dar o passo correto ao iniciar esta prática, devemos percecionar os efeitos positivos e negativos decorrentes, de forma a tornar esta atividade mais eficiente, mais segura e mais feliz. Tal como qualquer outra prática desportiva, a corrida deve ser iniciada seguindo algumas recomendações, nomeadamente no que se refere à duração, intensidade, frequência e antecedentes clínicos. Neste sentido, para não correr o risco de abandonar precocemente a corrida devido a lesões ou desconfortos musculares, é muito importante conhecer os erros mais comuns do corredor numa fase precoce de preparação: Exagerar: este é um erro muito comum a quem inicia qualquer atividade física. O entusiasmo leva muita vezes as pessoas a quererem atingir objetivos muito rapidamente não respeitando por isso os tempos de recuperação. Este erro leva muitas vezes a sobrecargas, ou stress, de estruturas anatómicas que foram enumeradas anteriormente. Não ‘’ouvir o corpo’’: isto aplica-se tanto na atividade física como na nossa predisposição mental para tudo que fazemos na nossa vida. Este é dos pontos mais importantes para prevenir lesões. Uma inflamação, um edema ou até uma dor aguda são sempre sinais de alerta que devemos respeitar. Só isso poderá prevenir inúmeras lesões. Aquecimento: uma das características do músculo esquelético é o facto de ser constituído por diferentes tipos de fibras, por isso é que possuímos músculos mais lentos, mais precisos, mais coordenados ou até mais fatigáveis. Devido a estas características heterogéneas é necessário fazer uma boa passagem do estado de repouso para a corrida propriamente dita. Uma passagem suave e progressiva é meio caminho andado para prevenir qualquer dano, quer seja muscular ou esquelético. Alimentação: tal como um bom aquecimento específico para uma determinada articulação pode ser um fator decisivo para prevenir uma lesão, a alimentação é o nosso combustível essencial e por isso, sem uma adequada ingestão de alimentos podemos estar a potenciar futuras inflamações, sobrecargas e risco de lesões. ‘’Efeito Manada’’: Infelizmente nos dias de hoje, tudo é movido por tendências. É muito bom perceber que as pessoas começam a dar a devida importância às artes e à atividade física, e isso realmente é de louvar. Todavia, é muito importante perceber também que temos todos corpos e estruturas anatómicas diferentes. Não é porque toda a gente faz maratonas que eu posso ou deva fazer também. Não queremos com isto dizer que as pessoas não devam correr, porque é muito melhor correr do que não fazer nada. No entanto, é fundamental que as pessoas não se deixem iludir com as tendências tendo em conta o efeito, positivo ou negativo, que este “seguidismo” pode gerar no seu corpo. O exercício físico deve ser uma forma de estar na vida mas essa forma de estar tem de ser sempre vigiada, monitorizada e guiada por quem se formou para isso. Não tenha medo de iniciar a corrida, mas inicie de forma segura e eficaz para nunca abandonar esta forma de vida. Bibliografia José Soares (2015). RUNNING – Muito Mais Do Que Correr.