STRESS E ALIMENTAÇÃO, QUE RELAÇÃO?

STRESS E ALIMENTACAO

Atualmente, a sociedade vive em constantes exigências diárias tanto a nível pessoal quanto profissional, e com isto, é cada vez mais frequente a presença de estados emocionais de ansiedade, situações diárias de stress e aumento da prevalência de burnout, afetando consequentemente a qualidade de vida e bem-estar mental da população.[1] O stress define-se como um processo complexo resultado da reação não específica do indivíduo a um estímulo interno ou externo e geralmente é uma experiência de curta duração, e assim atua como uma resposta a uma ameaça em qualquer situação.

O stress pode ser classificado como benéfico (Distress) ou maléfico (Eustress). O Distress (Negativo) é um conjunto de sintomas de sofrimento como, a desesperança, o isolamento, o afastamento social, o conflito e o negativismo, comprometendo a saúde e o bem-estar dos indivíduos. Por sua vez, o Eustress (Positivo) é o meio de estimulação e motivação que auxilia o indivíduo a tomar decisões e a encontrar soluções para os seus problemas diários, promovendo deste modo o seu desenvolvimento pessoal.

O Stress pode ser caracterizado por três fases: Fase de Alarme, Fase de Resistência e Fase de Exaustão.  A Fase de Alarme é designada pelas manifestações aguda face ao agente stressante, provocando um desequilíbrio interno, com alterações fisiológicas como taquicardia, hipertensão e suores. A Fase de Resistência é caracterizada pelas manifestações agudas que desaparecem e assim o organismo tenta adaptar-se ao estímulo, caso a homeostasia não seja restabelecida, evolui para próxima fase. E por último, tem a Fase de Exaustão, pelo qual a Fase de Alarme pode ocorrer de novo, com um perfil mais acentuado, ou quando a estimulação é prolongada e leva ao colapso nervoso do organismo.

Existe uma grande sobreposição nas definições de stress e ansiedade. Esta relação é tão estreita, que muitas das vezes, ambos os conceitos são utlizados quase como sinónimos. O stress e a ansiedade partilham dos mesmos sintomas físicos similares como os vómitos, a xerostomia, a sudorese, o medo, a preocupação excessiva, a falta de ar, as palpitações, as dores abdominais, os tremores e os arrepios e problemas gastrointestinais. [56]

Já por sua vez, a Ansiedade é designada como um estado emocional excessivo de sentimentos como o medo, a preocupação, a apreensão, a preocupação ou inquietação constante, sobre o presente e o futuro. A ansiedade não desaparece quando a ameaça é ultrapassada, esta costuma permanecer ao longo do tempo. Sendo que pode ser designada como patológica, quando está num nível avançado e pode causar prejuízos significativos no quotidiano e decisões do individuo.

A ansiedade pode ser classificada em perturbação de ansiedade generalizada, perturbação de pânico, perturbação de ansiedade social, perturbação de ansiedade de separação e fobias.

A ansiedade pode categorizar-se a nível da duração: Ansiedade-estado e Ansiedade-traço.  A ansiedade-estado é a resposta aguda a uma ameaça iminente, que pode ser desencadeada por stress agudo. Já a ansiedade-traço é uma resposta crónica, expressa durante a vida do indivíduo, sendo por isso considerada uma característica da sua personalidade.  

Num estado mais avançado de ansiedade e stress, pode surgir o Burnout, que designa-se como o estado de angústia: exaustão física e mental de perda progressiva de energia, idealismo, empatia com os pacientes, desmotivação e exaustão provocado pelo stress crónico relacionado com a vida profissional. [9, 27, 30] Resultante de poucas horas de descanso, pouca rentabilidade e produtividade, exigência extrema e elevada de carga horária de trabalho. Os sintomas presentes na identificação do Burnout podem ser físicos, como a Insónia, fadiga, palpitações e sudorese; ou sintomas comportamentais como a irritabilidade, frustração, raiva ou choro.

O Burnout é descrito como síndrome psicológico expresso em três dimensões: Exaustão Emocional, Despersonalização e Realização Pessoal Reduzida. A exaustão emocional é a componente afetiva de Burnout – Esgotamento físico e psicológico, onde o indivíduo sente que atingiu o limite das suas competências. Já a despersonalização é a manifestação de atitudes negativas nas relações interpessoais, como o aumento da irritabilidade e diminuição de motivação. E por fim, tem a realização pessoal reduzida, que se define pelos sentimentos de perda de confiança pessoal, de ineficácia e de baixa produtividade no trabalho.

Estes estados emocionais mencionados anteriores, podem trazer consequências e impacto negativo na Saúde do individuo, tais como: inicialmente surge o aumento ou diminuição do apetite, causado pelo estado emocional presente, e consequentemente surge a alteração dos ácidos biliares presentes no estômago que promovem o comprometimento da sua digestão. Consequentemente, surge a falta de absorção de nutrientes, assim como o défice em Vitamina D e Zinco, que iram comprometer o Trato Gastro Intestinal e outros sistemas – como o Trato Respiratório e Tegumentar, desenvolvendo um quadro de stress.

Para evitar o quadro de stress causado, existem estratégias a nível nutricional e a nível do estilo de vida que promovem a melhoria do estado emocional, assim como a diminuição do consumo de café e chás com elevado teor de cafeína; redução da ingestão de álcool e de alimentos ricos em açúcar, sal e gorduras saturadas; e evitar o consumo de refeições pesadas no período noturno que podem comprometer a qualidade do sono e do seu descanso, e consequentemente aumentar os níveis de stress e ansiedade. Ainda assim, existem algumas estratégias que devem ter-se em consideração para melhora do estado emocional, como o aumento da ingestão de água, de alimentos fermentados, como a kombucha, kefir e de alimentos ricos em ómega-3 (peixes gordos – salmão, atum, cavala), magnésio e precursores de triptofano ( ex: banana, leguminosas).

Por fim, existem estratégias a nível do estilo de vida que promovem uma diminuição do stress e ansiedade como mastigar bem os alimentos, realizar refeições em ambiente calmo e tranquilo, melhorar a qualidade do sono com a antecipação das refeições e desligar os aparelhos informáticos e aumentar a atividade física, de modo a promover a produção de serotonina, que é a hormona libertada depois da atividade física, que auxilia o bom humor e boa disposição.

Rita Guerreiro – 4096NE

Nutricionista Estagiária Solinca Classic